30.6.09

O que fazer com o diploma de jornalismo? (26/06/09)

O presidente do STF Gilmar Mendes e mais oito comparsas derrubaram a exigência de diploma para exercício da profissão de jornalista. Pegos de surpresa com a decisão, muitos profissionais se perguntam o que farão com seus canudos, conseguidos a custo de anos de estudo e dedicação. Aí vão algumas sugestões.

Recicle

Não caia na besteira de pensar que seu diploma não serve mais para nada. Independentemente do tipo de papel no qual ele foi impresso, você pode muito bem reciclá-lo (junto com os livros comprados na época da faculdade) e vendê-lo, dando início à recuperação do tempo e dinheiro perdidos. Parafraseando Fernando Pessoa, “reciclar é preciso, estudar não é preciso”.

Cante
Caso não queira se desfazer do papel emoldurado na parede da sala, corra para o banheiro. É lá, no chuveiro, que você vai treinar para ser cantor (se “Cumpadi” Washington consegue, você também consegue) e tentar ganhar uma grana com isso. Quando estiver preparado, volte para a sala, olhe para o diploma e solte a voz: “Você não vale nada, mas eu gosto de você...”. Quem canta, “gilmares” espanta.

Cozinhe
Falando no diabo, aproveite que Gilmar Mendes comparou a profissão de jornalista à de cozinheiro e siga a dica: apresente seu diploma em um restaurante. Tudo bem que comida requentada é pior que matéria requentada, mas, lembre-se de que você não está em condições de ficar escolhendo muito. A boa notícia é que, depois de provar a comida, já não é mais problema você dar uma “barrigada” (notícia falsa). Recomendável, entretanto, fazer isso no banheiro, e não no meio da redação, que pega, ou melhor, cheira mal.

Sorria
Se nenhuma das sugestões anteriores caiu bem até agora, não desanime. Sorria e faça as pessoas sorrirem com a sua desgraça (lá ela!). Se você não for uma pessoa engraçada, com jeito para contar piadas, treine. Comece contando algumas simplesinhas como esta: “O que significa um cigarro de maconha em cima de um jornal? Resposta: baseado em fatos reais”. Se as pessoas não rirem, faça piadas autorreferentes. A sua situação, com certeza, vai fazer a galera rir, e será o início de uma carreira brilhante como comediante.

Enfie
Se nada disso der certo, você só tem uma saída. Se ainda não sabe qual, seguem algumas dicas. Primeiro, observe atentamente o canudo. Comprido, cilíndrico... Percebeu? Pronto, agora reflita e deixe de besteira. Para quem passou a vida toda dando o “furo” – de reportagem –, não deve ser problema colocar um diploma na “retranca”.

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18.6.09

Presidentes Vitalícios (05/06/09)

Aproveitando a ocasião da visita dos presidentes Lula (Brasil) e Hugo Chávez (Venezuela) à Bahia – o primeiro nega o desejo de disputar o terceiro mandato, e o segundo com projetos para se perpetuar no poder –, resolvemos lembrar de algumas figuras locais que, decididamente, não querem largar o osso.

Vovô do Ilê
Desde que Vovô era “papai” ele já comandava “o mais belo dos belos”. Um dos fundadores da Associação Cultural Bloco Carnavalesco Ilê Aiyê, que nasceu em 1974, Antônio Carlos dos Santos, hoje conhecido como Vovô do Ilê, já está há mais de três décadas à frente da entidade. Apesar do longo mandato, ele não ensina sua malandragem tampouco a “filosofia” para se manter tanto tempo no poder, sem ter sua posição questionada.

Luiz Mott
Saindo da Senzala do Barro Preto e entrando na colorida, outro fundador e eterno mandatário de uma importante organização local é o antropólogo Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB). Atualmente pesquisador da entidade, Mottinha nunca largou o bastão de fato. Quando deixou a presidência, nas últimas eleições, realizadas em 2008, quem “sentou na sua levantada” foi seu companheiro Marcelo Cerqueira. Para não perder o status, Mott virou presidente de honra.

João Jorge
O último mandato do advogado João Jorge Rodrigues, presidente do bloco carnavalesco e ONG Olodum, expira no final deste ano. Mas se engana quem acha que João Jorge, no grupo desde 1983, está deixando o bloco do Pelô. Isso porque é bem provável que a baqueta, ou melhor, a batuta do comandante deve ser passada para seu filhote, Jorge Ricardo – “Ó paí, ó!”. O Olodum pirou de vez.

Paulo Maracajá
Mesmo depois de deixar a presidência do “Jahia” em 1994, após 22 anos no poder, o conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) Paulo Maracajá nunca parou de aconselhar e cantar de (Alexandre) galo em Itinga. Após longa investigação, o Ministério Público baiano denunciou que Paulete exercia ilegalmente o comando do Tricolor, mas aí já era tarde: o dito-cujo já tinha conseguido eleger o sucessor, Marcelo Guimarães Filho. Parafraseando o ex-governador Octávio Mangabeira, que dá nome à velha casa do Tricolor, a Fonte Nova: “Pense num absurdo... no Bahia tem presidente”.

Paulo Carneiro
Não foi só o Bahia que ficou durante uma era sob a chefatura de um déspota clubístico. Paulo Carneiro debutou no comando do “Vicetória”: em pouco mais de 15 anos, conseguiu levar o time aos seus maiores vice-títulos, mas só saiu no (barra) lixo – quando o Rubro-negro sucumbiu e caiu para a terceira divisão do Brasileirão, em 2005. Ao deixar o lado (rubro) negro da Força, pediu R$ 10 milhões de indenização ao Leão e foi pastar no Fazendão.


*O trecho "Apesar do longo mandato, ele não ensina sua malandragem tampouco a “filosofia”", (Vovô do Ilê) rolou uma edição. Cês viram, né? Na minha versão tava "Apesar do longo mandato, ele não ensina sua malandragem, nem tampouco sua filosofia”. Se não viram, procurem uma bengala branca, ou Santa Luzia. (Aiai, meu Deus... ;)